TRAVESSIA DO CANAL DE CHACAO: BALANÇO ASSÍNCRONO, UMA ABORDAGEM ANALÍTICA E GEOMÉTRICA PARA SUA DETERMINAÇÃO

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TRAVESSIA DO CANAL DE CHACAO: BALANÇO ASSÍNCRONO, UMA ABORDAGEM ANALÍTICA E GEOMÉTRICA PARA SUA DETERMINAÇÃO

O artigo faz a apresentação e aplicação de metodologia para determinação do balanço assíncrono de condutores, especialmente apropriada para vãos longos, como em travessias. O objetivo do trabalho é apresentar uma avaliação técnica da travessia da LT 2×500 kV Puerto Mont – Nueva Ancud, a ser construída sobre o Canal de Chacao, no Chile, em especial determinando os ângulos de balanço, distâncias elétricas e o balanço assíncrono na determinação da geometria das torres de suspensão da travessia. Um procedimento numérico (computacional) é desenvolvido para determinar o balanço assíncrono e as distâncias mínimas resultantes.

O projeto da travessia de uma LT 2x500kV sobre o Canal de Chacao, no Chile, demanda abordagens técnicas bastante desafiadoras. Entre as razões desses desafios, está o grande vão, da ordem de 2.550 m sobre o canal, entre o continente e a ilha de Chiloé. A escolha da torre de suspensão, com geometria do tipo Danúbio e, consequentemente, com a localização de fases no mesmo nível horizontal, exige cuidados especiais em relação ao balanço assíncrono.

O balanço das cadeias e dos condutores, entre si ou em relação às partes aterradas da estrutura, representa fenômeno de enorme importância na avaliação do isolamento de uma LT aérea. O balanço se deve à ação do vento sobre cabos e cadeias. A transformação da velocidade do vento em pressão efetiva de vento sobre os elementos da LT, tais como cabos e cadeias, é tema que não será aqui detalhado em razão da objetividade necessária para os limites de dimensão do artigo, apesar de ser de especial interesse nesta abordagem. Assim sendo, considera-se que este tema, assim como a caracterização estatística do vento em relação a sua

probabilidade de ocorrência (ou de ser excedido) é assunto para outra discussão e/ou artigo.

Sabidamente, a ação do vento promove movimentos dos elementos cabos e cadeias. Esses são comumente caracterizados nos projetos como “ângulos de balanço”. É de fácil compreensão que os “ângulos de balanço”, frequentemente representados, são valores para uma posição média na condição de equilíbrio. E é também fácil inferir que há uma inerente flutuação em torno desse valor médio em razão da natureza aleatória e variável no tempo do fenômeno vento e de seu fluxo, mesmo em condições quase laminares. Nesta sequência de conceitos, também é de se aceitar que tais flutuações dependam do regime de vento, podendo serem maiores quanto maior for a velocidade do vento e sua turbulência.

Como acontece em abordagens da natureza de fenômenos aleatórios como o vento, é comum caracterizar tais flutuações pela sua dispersão em torno da média e, mais comumente, pelo seu desvio padrão s.  Pode-se esperar, como sendo inerente aleatoriedade, que tal dispersão resulte em movimentos assíncronos. Ou seja, que as flutuações em fases diferentes apresentem movimento em sentido contrário, aproximando-as e, consequentemente, diminuindo a distância entre elas (isto é, diminuindo o isolamento).

Portanto, o problema se configura em estabelecer espaçamentos entre fases tais que as mínimas distâncias entre elas, em situação de balanço assíncrono, não sejam inferiores às distâncias mínimas requeridas de isolamento. Sendo que a ocorrência do balanço é devida à ação do vento, sua abordagem mais apropriada é probabilística. Assim, a faixa de velocidades de vento a ser verificada tal condição de distância mínima deve ir da condição sem vento até uma velocidade de vento, cujo valor tenha uma probabilidade anual, ainda aceitável, de ser não ser excedido. Usualmente, refere-se a “período de retorno” ao inverso da probabilidade anual de que tal valor seja excedido.

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